sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Não andeis ansiosos


Ouvi esta história há muito tempo, quando não tinha nem vinte anos, nem uma trempa de filhos.

“Certo homem viajava sozinho, a noite, pelo interior do país quando o pneu de seu veículo furou num estrada deserta. Encostou o carro, pegou estepe e chave de roda, mas percebeu que não tinha o “macaco” entre os utensílios necessários para a substituição.

Olhou o matagal a sua volta na silenciosa e escura estrada, e viu, a dois quilômetros, a luz fraca em uma casinha na beira da estrada. Pensou:

- Ah... Bem que o morador daquela casa poderia ter um macaco para me emprestar... não custa nada ir até lá e perguntar... pôxa... são quase duas da manhã, o morador pode ficar irritado com alguém batendo a essa hora em sua casa...mas Deus! É uma emergência! Eu não faria isso se não o fosse...

Andou mais alguns metros e conversava sozinho, sem perceber que o fazia:

- Bom... espero que ele não se irrite... mas será que tem alguém lá?... A luz tá acesa...o que não quer dizer nada: quando saio deixo a luz acesa as vezes... é capaz dele fingir que não está em casa. Quem bateria a porta essa hora? Um pobre viajante com um pneu furado, responderia eu... mas e se ele não tiver o macaco? Pode ser... mas por eu ser um estranho, pode ocorrer dele dizer que não tem, com medo de que eu o roube...muita maldade seria... por que eu acordaria alguém para roubar um macaco?... Poxa!

E assim foi ele nesse monólogo até a porta do casebre. Nem um minuto se passou desde que tocou campainha, e um senhor careca, de bigodes, trajando um roupão e chinelo de dedo:

- Pois não? - disse ele abrindo a porta e dando de cara com o viajante com um semblante irado.

- Você pegue o seu macaco, e engula que eu não quero mais!!!! - gritou o viajante, dando meia-volta e voltando ao carro, enquanto chutava pedras e falava palavrões.

O conto pode ser absurdo, mas a maioria de nós tem dificuldade de cumprir o que o Mestre disse:

“Não andeis ansiosos com coisa alguma...”

Sem perceber, deixamos muitas oportunidades escapulirem de nossas vidas pela simples angustia daquilo que pode - ou não -acontecer. Botamos pedras e tiramos pedras, sem ao menos conhecer se pedras serão ou não utilizadas naquele projeto.

Se pudéssemos aplicar em nossas vidas a simplicidade deste ensinamento, enxergaríamos com mais clareza o que Deus tem para nós, ao invés de procurarmos o lugar onde ele ouve as orações. O problema não está no que Deus envia. Está no caminho que percorremos até chegar no que nos deu.


Zé Luiz, o cristão confuso, o mais novo conluiado de Genizah

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